24 de ago. de 2012

UM CÂNCER EXTERMINADO


Por Victor Matheus - Blog Roraimarocknroll  

Depois de uma quimioterapia intensa, o câncer da cena rock roraimense foi eliminado. Agora o rock do extremo norte do Brasil respira aliviado caminhando para novos horizontes.

A cena rock roraimense está curada de um câncer que assombrou sua história por algum tempo, atrasando um processo natural de crescimento, amadurecimento e destaque do cenário rocker acima da linha do Equador. Para quem não conhece a história mais recente do rock de Roraima, pode estranhar o começo dessa reflexão, mas vamos direto aos fatos : Antes da coletivização e catequização quase militar de algumas bandas do nosso cenário, em especial as autorais, o rock roraimense seguia a passos livres para caminhar para onde e como quisesse, independente e harmonioso, com suas tribos atuando em parcerias, independente de suas ideologias e seguimentos, sem opressão, manobras ilícitas e desleais por parte de alguns personagens, por medo de perderem sua “soberania” e “liderança” no “controle” do cenário local, manipulação quase lobotômica com discursos maquiados, mas que todos hoje sabem os reais motivos, acabando com uma farsa que não convence mais ninguém, ou você ainda acha que sua banda carregando caixa de som, vendendo cerveja em festinha pra inglês ver, tocando de graça mesmo sabendo que o “dono da festa” está embolsando uma ponta pelo serviço prestado, vai fazê-la se tornar um sucesso e tocar nos principais festivais de rock do país?

Não havia a quantidade de espaços como há hoje para as bandas se apresentarem, porém rock autoral e rock cover conviviam pacificamente. O público venerava as bandas covers, respeitava as bandas autorais e principalmente valorizavam, reconheciam e prestigiavam ambos os estilos, numa convivência pacífica, e por hora muito mais benéfica do que havia se tornado com a chegada do câncer que exterminou muitas bandas com sua atitude vampírica e manipuladora.

São inúmeras as razões para comemorarmos, e também para lamentarmos pelas manchas que esse câncer causou a biografia do rock roraimense. Como não se perguntar por onde andam certas bandas que até pouco tempo estavam em ascensão em nosso cenário, mas que hoje simplesmente se apagaram da cena? Será que por se aliarem a organizações de intenções duvidosas, acabaram sendo vampirizadas, reprimidas, simplesmente manipuladas por interesses nada explícitos ou talvez apenas perderam o tesão em continuar suas carreiras e resolveram pendurar as chuteiras?

Parafraseando Cesar matuza: "Tem muita gente boa nessa barca furada, que poderiam estar com melhor prestigio na cena local, com mais espaços à disposição e com mais oportunidades, mas por fazerem parte da filosofia de grupo segregatório, acabam se isolando e minguando infelizmente."

E o que falar de bandas que preferem caminhar de forma independente, mas vez ou outra são sondadas para integrarem uma rede que promete o céu, mas só tira delas o que precisa, e depois como uma fralda geriátrica, as descartam sem a menor cerimônia? É triste, mas hoje podemos listar várias bandas que se encaixam perfeitamente nesse exemplo e sucumbiram no meio do caminho.

Temos hoje , só na cidade de Boa Vista, pelo menos cinco picos de rock ativos,a disposição para as bandas tocarem, sejam elas cover ou autorais, entre eles o Chacrinhas Chopps, Bar do Rock, Antique Pub, Arcabuz Bier e Casa do Neuber, mas o processo se tornou inverso. Antes bandas pipocavam aos quilos, muitas delas de proveta, é verdade, mas pipocavam e buscavam espaço para tocarem, só que não havia lugares a não ser as festas de aniversário, as praças da cidade, o espaço rock do Sesc e um festival aqui ou outro ali, underground quase sempre. As reclamações, tanto dos grupos como do público eram constantes quanto a essa situação. Quando rolava evento de rock em Boa Vista, gente brotava de tudo quanto era canto, e independente de ser um show cover ou autoral, os eventos eram sempre lotados. Hoje há espaço de sobra, mas o ego de algumas bandas cresceu tanto e a prepotência mais ainda que agora exigem algo que não cabe nesse contexto. Em pratos limpos: Cospem no prato que comeram, e pior ainda, só reclamam e não fazem nada para mudar ou se adaptar ao novo cenário. Puro recalque.

Por isso, somente alguns grupos mais antigos, formados anteriormente a esse processo de coletivização resistem. Outros da nova geração, nasceram com integrantes que já atuam desde sempre em nosso cenário, e por isso não se deixaram enganar por discursos de vendedores de bíblia e falsas promessas , auto masturbação e tapinhas nas costas. Banda boa não precisa de fotinhas publicada num álbum mixuruca de bloguezinho sem lastro que pouco agrega a sua carreira, mas precisa sim de apoio, de espaço para tocar, de divulgação eficiente, de gravar seu material e jogar na rede, e acima de tudo, de humildade, profissionalismo e espírito de união com os demais grupos e espaços que apoiem o movimento rock n'roll. Foi assim na contra cultura, no movimento punk, no rock brasil dos anos 80 e ainda continua sendo assim nos dias de hoje.

Felizmente, este câncer maligno e podre foi totalmente exterminado. O processo quimioterápico da limpeza dessa sujeira mesquinha que assolou nosso cenário a partir de 2006 chega ao seu ápice, e hoje os frutos estão sendo colhidos. Temos muito do que se orgulhar. Bandas não se submetem mais as ordens de boicote dos generais que sonham controlar um organismo vivo que é o rock roraimense e qualquer outra cena rock do país, por meio de barganha e atitudes dissimuladas com argumentos que mais parecem piadas de mau gosto.

Nós celebramos esta nova fase, de independência do rock do extremo norte do Brasil, onde podemos hoje prestigiar bons festivais de rock, shows nacionais, mesmo aqueles que só dá 30 pagantes de público, bandas autorais legais que ganham cada vez mais destaque na mídia e no cenário independente, bandas covers cada vez mais profissionais e com diferenciais umas entre as outras, várias opções de picos de rock pra ir curtir esses grupos, e principalmente, sem precisar ser omisso a qualquer organização que pinta o céu mas só tira desses grupos o que precisa e depois os descarta. 

O câncer foi eliminado, chutamos a bunda da falsidade e hoje comemoramos a independência do rock roraimense de qualquer povinho e organização que possa querer manipular as peças desse jogo em benefício próprio.

Se ninguém faz, fazemos”.

Fecha a Conta.

2 comentários:

Anônimo disse...

muito bom hein.

Cesar... disse...

bom texto mateus, uma galera já comentou comigo que concorda com o que vc escreveu